Não quero nada não, tô só dando uma olhadinha…

outubro 19, 2009

Have A Little Faith In Me (post temático).

Filed under: Uncategorized — Caroline @ 1:18 am

Para ler com: Iron and Wine ** Passing Afternoon.
Antes de mais nada, gostaria de iniciar dizendo que respeito a fé, as crenças e a opinião dos outros e que essa aqui é a minha interpretação e visão de certos fatos.

Agora sim, acho que todos nós passamos por experiências que nos definem e em especial, que definem nossa fé. A grande parte das pessoas relata momentos em que renovou, recuperou ou aumentou a fé que tinha em sua religião, em Deus, enfim… comigo foi o oposto, lembro dos momentos que foram me fazendo perder a fé e depois, remontá-la, digamos assim.

Primeiro era a questão da Igreja. Meus pais me forçavam, por diversos domingos a ir com eles à missa, aqui na igreja matriz. Existem poucas coisas que eu odeio, essa era (e é uma delas). Um ambiente com pessoas dispersas, crianças gritando e chorando, pessoas bocejando ou com cara de culpa, de tristeza, de tédio… pessoas conversando, fofocando, invejando, enfim. Tudo me parecia mais óbvio, mais chato e mais demorado na missa. Aquela pessoa fantasiada no centro falava, falava e eu querendo ir brincar no chafariz onde as pessoas jogavam moedinhas pra nossa Sra. Aí eu entrei na 5a série e conseguir justificar minhas opiniões sobre ir à missa com as coisas horríveis que eu aprendi nas aulas de história… A Idade Média, Inquisição, Index e todas aquelas coisas inacreditáveis, até hoje eu acredito mesmo que ninguém mais percebeu aquilo da forma assustadora que eu percebi.  Daí em diante todas as minhas obrigações cristãs (tipo catequese, comunhão…) foram longas e um tanto dolorosas. Mas me orgulho de não ter sido uma daquelas pré-adolescentes que pensava ter descoberto a América e querer ensinar a “Verdade ” que eu havia descoberto  – que tudo aquilo era uma palhaçada. Sempre respeitei, entendi que aquilo era algo sem saída pra mim e cumpri a minha obrigação (porque é o que era.) Depois disso larguei mão, não dei mais bola.

Com o tempo, reparei que eu cultivava um ritual interessante: eu só rezava quando a coisa apertava, como na noite anterior à prova de recuperação e quando eu havia feito algo idiota e não queria sofrer a retalhação. E, como eu sempre me dava bem no final, acho que parte de mim achava que era mais sorte que juízo, ou mais divino que estudo. Até que o dia chegou em que eu não fui atendida. O ano 2000 foi o pior de todos pra mim. Crises com amigos, meu primeiro grande amor resolveu me deixar e eu não sabia como lidar… lógico que isso refletiu nos estudos e eu reprovei feio no colégio. No dia anterior ao resultado eu havia praticado o mesmo ritual de todos os anos, conversando horas com O Onsciente, dando explicações, lembrando-o constantemente que ele sabia tudo o que andava me acontecendo e que óbvio, ele me ama e ele vai me ajudar. Não ajudou. Parece idiota mas, a minha fé já frágil, se quebrou. Peguei o boletim, e fui chorando com raiva até a igreja onde eu me abri. Sozinha lá dentro eu falava normalmente, sobre como eu me senti traída, esquecida… Que porra de Deus é esse que me ama e quando eu mais precisei não estava lá? Que porra de Deus onipresente que me esquece aqui? E aí do nada, parecia uma briga de namorados ou de famílias, onde eu dizia umas “verdades” em forma de fatos históricos. Cobrava a atuação dele numa enchente anterior, na 1a e  na 2a guerra, na idade média, que a religião só atrasa a evolução intelectual, civilizatória, social, psicológica das pessoas, que tipo de Deus era esse, egoísta, sádico e egocêntrico é esse? E ainda assim tem milhões e milhões de pessoas que o seguem apesar disso. Como mulher que apanha do marido e volta pra casa…

Depois disso desencantei. Passei a estudar a filosofia da Wicca, onde várias coisas faziam sentido pra mim, como me responsabilizar pelas minhas ações e as reações que elas geram  – tudo o que você faz volta pra você, que as divindades estão nas coisas em si, que tudo deve ser respeitado, observado, ponderado… Acho que extraí o melhor que eu pude com 16 anos. Me fez muito bem naquele momento mas ainda assim, eu tinha uma fobia quase, de ter fé nas coisas, de acreditar nas possibilidades, de confiar em mim ou nos outros. Um medo total de acreditar e de novo me sentir desamparada e desapontada, um medo do escuro terrível e isso, claro, refletiu nas minhas relações com as pessoas… Passei a desconfiar sempre, me sabotar e sabotar as aproximações.

Escolhi explicar a coisa dessa forma porque pra mim, as experiências individuais exemplificam todos aqueles conceitos filosóficos, sociológicos e históricos que me faltam embasamento. Não quero falar do que não sei, mas o pouco que sei é que, acabamos refinando, através dos tempos e por causa de muitos interesses individuais de pessoas poderosas as crenças mais primitivas, utilizadas para explicar o que não se conseguia, tipo a chuva ou um eclipse por exemplo. Seríamos obviamente muito mais civilizados e evoluídos das mais diversas formas se não fosse por todos os anos perdidos na Idade das Trevas onde a Igreja retia todo o conhecimento, mantendo a população limitada, analfabeta e ignorante. Mesmo com o Iluminismo dando uma alavancada, tirando as pessoas da escuridão, penso que o medo, o benefício da dúvida ainda permaneceu muito forte, medo do inferno, culpa, pecado, castigos, punição… e serviram (e ainda servem em certa proporção) como o melhor método de policiamento possível, não há necessidade de fiscalização, porque o auto-monitoramento se encarrega. Meia dúzia de pessoas foram moldando uma imagem de um ser inatingível com poderes incríveis, infalível, perfeito… mas que falta constantemente. Essa história foi passando à diante e deu no que deu.

Hoje eu acredito em mim, tenho uma boa idéia do que me espera (no melhor sentido Dogma) depois que eu me for e tenho noção de que Deus não tem nada a ver com os meus avanços, minhas conquistas, meus méritos assim como meus defeitos, minhas falhas e todas as minhas imperfeições.  Algumas pessoas dizem que é a fé que move o mundo, eu acho que é a esperança. Todo o dia eu acordo com esperança de uma novidade, de mais um paciente, de aprender algo que eu desconhecida, de uma risada gostosa… Acredito que somos movidos à esperança, precisamos acreditar que algo vai acontecer… talvez seja a fé na esperança? Acho também que a idéia de um Deus já é tão automática ao ser humano que pode ser insuportável a idéia de uma vida sem ele, acho que muita gente se toca do óbvio, mas não quer reconhecer porque, reconhecer implica em tomar uma atitude.

Fecho esse texto recomendando os seguintes documentários, não que eles sejam detentores de uma verdade absoluta, que estejam totalmente corretos. Só gosto da idéia de me questionar e talvez vocês queiram fazer o mesmo. Então, do mais light ao mais complexo:  Religulous do apresentador e comediante Bill Maher; The Mindscape of Alan Moore; Zeitgeist (esse acho que pelo menos um de vocês já esperava né?)

Esse post faz parte da iniciativa do blog Postagem Temática 🙂

outubro 6, 2009

Something’s changing inside you and don’t you know…

Filed under: Uncategorized — Caroline @ 9:43 pm

Para ouvir com: Guns n’ Roses – Don’t Cry.

Eu sou muito nostálgica, tenho um apego muito grande ao passado, às lembranças e àquilo que poderia ter sido. Eu não sei como funciona para as outras pessoas mas eu penso muito, demais, todo o tempo e, o principal portal para mim, pra entrar na minha mente e me perder em memórias é por meio da música. Eu nunca saio de casa sem o iPod, assim como eu também nunca saía de casa com meu discman e óbvio, tudo isso começou com um walkman e lá vai história.

Música me transporta e hoje eu já preciso dela para respirar quase. E, ouvindo minha seleção, distraída, eis que toca Don’t Cry. Infelizmente eu não passava de uma pirralha adentrando a pré-adolescência quando eles estavam no super auge. Eu sempre brinco que deve ter sido o melhor momento pra ter sido adolescente, na época do Guns, do Extreme (lembra? More than Words..), do REM, Four Non Blondes, Tears For Fears e a lista vai longe.  Mas eu fiz parte daquele grupo que não queria que isso fosse verdade e ouvíamos Guns como se eles ainda tomassem conta do rádio e da MTV.

Pois bem, Don’t Cry me lembra dos momentos de colégio, de estar apaixonada por alguém o mesmo tanto apaixonado por mim. Me lembra da ilusão de ter controle sobre os sentimentos e de achar que qualquer emoção intensa – especialmente de dor – fosse o fim do mundo, me lembra do tempo que eu pensava que eu não ia conseguir, que eu não daria conta, me lembra das noites perdidas paquerando no mIRC e me cutuca até que eu comece  a querer viajar de volta para 1999, 2000… Me instiga a ficar viajando no que poderia ter sido.

Acho saudável e importante, querer viajar e repensar no que foi e no que poderia ter sido. Claro, tudo o que é demais não pode ser bom mas, são essas jornadas que nos fazem revisar conceitos, ações/reações e comportamos. É como ler um livro que gostamos mais de uma vez depois de muito tempo. Podemos até descobrir  que ele ainda é bom sim, mas que já o achamos muito melhor.

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